Recusa da azáfama do natal
Volto de novo à minha recusa da azáfama do natal. Tempo de futilidade. O que querem que vos diga? Que gosto??? Não, e ponto final.
Ontem, queixava-me de queixo descaído, num tom de palavras incompreendidas por quem me ouvia e logo fui aconselhada a fazer terapia, por ter um problema grave em mim.
Não sei se é, ou se não é. Isso não me interessa nada. O natal morreu em mim faz uns anos valentes e só quero que chegue o dia 26, dia seguinte ao do natal. Desejo-o tanto como pão para a boca.
Não o desejaria assim se, os do meu ciclo familiar mais curto, eu e os meus três sapos, quisessem festejar a quatro, com alegria, boa disposição e com aquela verdadeira vontade de estarmos unidos nessa paz natalícia. Isso, sim, enchia-me o coração de alegria e o natal voltava a nascer em mim.
Sei que nada disso é possível. E todas as outras parafrenálias familiares não são válidas.
Se a união não existe nos restantes 364 dias do ano, não pode sobreviver e ser ramos de folhas verdejantes, nesse dia, só porque é natal. O tronco constrói-se dia a dia e a colheita culmina sempre numa festa feliz com a apanha dos frutos aromáticos e maduros. A planta cultivada com amor dá frutos sumarentos. Assim, é a vida das horas vividas todos os dias.
Não quero natal. Quero fechar os olhos e voar. Quero sentar-me no sofá, tranquilamente, e não pensar que tenho de me enfiar em lojas lotadas e gastar trocados em presentes envenenados de hipocrisia.