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Uma senhora arrancava, muito calmamente, as flores do jardim.
Havia um senhor, muito indignado, que bociferava com ela.
Eu passei e também lhe disse que não o fizesse pois as flores são do jardim e são de todos.
O tal senhor aproveitou para gritar. "chamem a polícia". Embora houvesse uma esquadra por perto, não se via nem um agente nas imediações, àquela hora de almoço, nem de perto, nem de longe.
A senhora na sua calma respondeu: "podem chamar que não me rala nada". Este caso, de certo modo é inofensivo. Podemos pensar assim. Há outros, contudo que são graves e ninguém pensa nisso.
Por duas vezes quase levei com uma troninete em cima: uma delas foi a atravessar a rua, na passadeira, e uma outra caminhava no passeio, calmamente. Não fosse ter-me afastado e teria passado por um mau bocado.
As trotinetes são giras, não são poluentes, blá, blá, blá, mas, as empresas, na procura de lucro, instalaram-nas aos molhos, ocupando espaços que, por direito, são de todos os cidadãos. Ficou de lado a questão dos direitos para com o transeuntes comuns que optam por andar a pé. Esqueceram que deveriam ter pensado nas consequências que possam vir a existir e que atingem todos nós, que vão da falta de civismo dos usuários a falta de condições nas cidades para o seu uso.
No entanto, se cada um começar a fazer o que lhe apetece, se o lucro gere a nossa vida, estamos em processo de assistir ao nascimento de uma anarquia no reino. E já começo a achar que não andamos muito longe disso.
Veem-se, diariamente, pessoas só a exigir direitos, a fazerem o que lhes apetece, não lhes passando pela memória da existência de deveres a cumprir, quer sejam em forma de Lei, de Decreto-Lei, de simples normas, regras sociais, bem como de ética.
Com isto, estamos a traçar trilhos perigosos, aos poucos, sem nos apercebermos disso.